Ao
longo de minha trajetória como aluna e profissional verifiquei mudanças na
concepção de currículo e observei que a nova concepção de currículo traz uma
nova concepção de escola, requerendo mudanças profundas nas metodologias de
ensino. A velocidade das inovações, trazidas pela época presente, faz com que a
escola aplique o conhecimento em situações do cotidiano, articulando teoria e
prática no ensino de cada disciplina. Com o acesso às informações – mesmo as
mais sofisticadas estão disponíveis na internet – o papel do professor mudou
radicalmente. Sua função essencial agora é a de “desafiar o aluno para que ele
consiga hierarquizar e organizar de forma crítica as informações às quais tem
acesso”, palavras do ministro Paulo de Souza.
Tomaremos
o termo currículo no seu sentido restrito, da relação de conteúdos e da forma
como são tratados – currículo pleno é a escola toda em funcionamento. A escola,
de todos os níveis, passa por significativas mudanças, que incluem,
prioritariamente, alterações da estrutura curricular de todos os seus cursos. O
conceito de currículo mudou; tem como maior característica a flexibilização, À
rigidez dos currículos engessados, surgem os currículos flexíveis
diversificados.
O
currículo de todos os níveis de ensino terá uma base nacional comum,
complementada por uma parte diversificada que variará de conformidade com “as
características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da
clientela” (LDB).
O currículo
constitui um dos fatores que maior influência possuiu na qualidade do ensino. Não
existe uma definição,mas várias definições de currículo conforme estudos realizados nesta aula.
A definição de
currículo que considero mais adequada a minha experiência é Currículo e Multiculturalismo: o desafio de educar na
diversidade.
O argumento
central é o de que pensar e viver no mundo atual passa pelo reconhecimento da pluralidade
e diversidade de sujeitos e de culturas com base no respeito e tolerância
recíproca, concebendo as diferenças culturais não como sinônimo de
inferioridade ou desigualdade, mas equivalente a plural e diverso. Desta feita,
propõe-se situar o cenário histórico do mundo atual, bem como o
multiculturalismo e suas origens, seus significados e concepções teóricas, como
forma de evidenciar o sentido político-cultural de se educar as atuais e as
novas gerações a partir de uma visão multicultural crítica, que leve em conta,
no processo formativo dos sujeitos, a necessidade e importância de se
reconhecer, valorizar e acolher identidades plurais sem representar ameaças ou
quaisquer formas de naturalização do preconceito e desrespeito à vida humana, independente
de sexo, cor, gênero, credo, etnia, nacionalidade. Busca-se, com isso, superar
mecanismos discriminatórios ou silenciadores da diversidade cultural, em nome
de uma sociedade baseada na justiça social. Analisa-se da seguinte maneira o
currículo na sociedade do conhecimento:
Não é mais o aluno se ajustando à escola, mas esta se adaptando para
receber o aluno e motivá-lo a aprender.
As escolas incluirão no currículo as áreas do conhecimento, mas
a forma de como serão aplicadas ficará por conta dos sistemas de
ensino. É a escola quem irá escolher a forma de organizar tanto a base comum
quanto a parte diversificada.
A maior liberdade conferida à escola não vai dificultar o
processo de transferência do aluno de uma escola para outra, porque ela será
feita baseando-se nas competências e habilidades definidas nacionalmente e
iguais para todas as escolas.
“Na
escola, através do currículo, relações de poder, ideologias e culturas são
afirmadas ou negadas. Enfim, o currículo é compreendido como instrumento de
inclusão ou exclusão. Toda escola exercita um currículo. Consciente ou
inconscientemente, os que atuam no contexto escolar estão envolvidos
diretamente nas tramas que forjam as identidades humanas.”
A
relação de determinação sociedade-cultura-currículo-prática explica que a
atualidade do currículo se veja estimulada nos momentos de mudança nos sistemas
educativos, como reflexo da pressão que a instituição escolar sofre desde
diversas frentes,para que adapte seus conteúdos à própria evolução cultural e
econômica da sociedade.Assim valido o que foi dito na citação dizendo que o currículo
não é apenas planificação, mas a prática em que se estabelece o diálogo entre
os agentes sociais,os técnicos,as famílias, os professores e os alunos.O
currículo é determinado pelo contexto,e nele adquire deferentes sentidos
conforme os diversos protagonistas,através dele,relações de poder,ideologias e
culturas são afirmadas ou negadas.
CONCLUSÃO:
A realização de adaptações curriculares
é o caminho para o atendimento às necessidades específicas de aprendizagem dos
alunos. No entanto, identificar essas “necessidades” requer que os sistemas
educacionais modifiquem não apenas as suas atitudes e expectativas em relação a
esses alunos, mas que se organizem para construir uma real escola para todos,
que dê conta dessas especificidades.
Vale ressaltar que, currículo, conforme MacLaren (1998),
…representa muito
mais do que um programa de estudos, um texto em sala de aula ou o vocabulário
de um curso. Mais do que isso, ele representa a introdução de uma forma
particular de vida; ele serve, em parte, para preparar os estudantes para
posições dominantes ou subordinadas na sociedade existente. O currículo
favorece certas formas de conhecimento sobre outras e afirmam os sonhos,
desejos e valores de grupos seletos de estudantes sobre outros grupos, com
freqüência discriminando certos grupos raciais, de classe ou gênero (p. 116)
A partir das
considerações aqui feitas, creio que a escola reflexiva é o sonho que embala
todos os educadores que ainda são comprometidos com seu papel diante da
sociedade.
A escola reflexiva
é aquela que, aos poucos, motiva-nos a não desistir diante das dificuldades,
move-nos quando os obstáculos – desânimo de nossos alunos, resultados
“insuficientes”, entre outros – tentam nos manter estagnados.
Assim, a meu ver a idéia
de reflexão surge associada ao modo como se lida com problemas da prática
profissional, à possibilidade de se aceitar um estado de incerteza e estar
aberta a novas hipóteses dando, assim, forma a esses problemas, descobrindo
novos caminhos, construindo e concretizando soluções, enfim, remodelando
escola, currículo e prática docente.
REFERÊNCIAS
BIBLOGRÁFICAS
ALARCÃO, Isabel. Escola
Reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.
BRASIL. SECRETARIA DA EDUCAÇÃO
FUNDAMENTAL. Parâmetros
curriculares Nacionais:
Pluralidade Cultural e Orientação Sexual. Brasília:MEC/SEF, Vol. 10, 1997.
CANDAU, V. M. Pluralismo
cultural, cotidiano escolar e formação de
professores. In: CANDAU, V. M. (Org.). Magistério: construção cotidiana.
Petrópolis: Vozes, 1997.
Mc
LAREN, P. Multiculturalismo crítico. Rio de Janerio: Cortez Editora,
1998.